Autor

Minha foto
Fortaleza, Ceará, Brazil

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Capítulo Seis - Um novo plano

ALEX ENTROU SORRIDENTE NA SALETA-QUARTO EM QUE dormia. Já era manhã e os três Sóis de Lycantrix esquentavam o Distrito do Raio, fazendo com que o tempo agradável se tornasse altamente convidativo para um passeio ao ar livre.
O garoto parou de uma vez ao entrar no quarto e, ainda sorridente, perguntou:
– Ei, irmão, já está acordado? Porque não avisou?
Seth estava encostado no canto da parede, e remexia um punhado de cinzas do archote, agora já apagado.
– Ah, acho que queria ficar um pouco sozinho...
Alex se adiantou e agachou-se ao lado do amigo.
– Qual é, Seth, por que você está desanimado hoje?
O garoto pensou um pouco antes de responder.
– Olha só, Alex... Ontem, antes de dormir, eu ouvi você conversando aos cochichos com as meninas.
– É, nós conversamos sim...
Seth se levantou.
– Eu percebi que vocês não acreditaram em mim. Foi o que você disse. Que eu devia estar um pouco abalado dos acontecimentos recentes e que a história do Kathegetes Omega era um pouco de delírio.
O outro também se levantou.
– Seth, eh, me desculpe. Eu... Nós tivemos um dia cheio ontem e... Aí vem você com aquele papo de andar pelo mundo, e ainda mais querendo que nós ignoremos o que estudamos sobre Lycan há quase dez anos... Não é qualquer um que acreditaria de primeira, sabe?
– Sei como é... – murmurou Seth, escorregando lentamente de costas pela parede até sentar-se no chão.
– Mas não se preocupa não, cara – disse Alex, sentando-se ao lado do outro – A Lila hoje recontou para a gente a história, bem direitinho...
– Ela o quê?
– Ah, você sabe – respondeu o ruivo – Ela também leu o tal livro da Cassandra Futuro...
Seth aprumou-se no chão.
– E a Lila contou a história para vocês? Toda?
Alex confirmou com a cabeça.
– Não é por nada, mas, tipo, você estava meio nervoso ontem. Aí hoje, mais cedo, nós três nos reunimos e ela explicou melhor para a gente.
– E aí, o que você achou? – perguntou Seth, animado.
O outro coçou a cabeça, indisposto.
– Cara, eu tenho pena da gente...
Os dois riram juntos. Alex, recompondo-se, continuou:
– Você sabe, mais do que nós todos, que essa jornada é meio perigosa. Quero dizer, nós não sabemos o que vamos enfrentar, nem como vamos escapar vivos, nem como vamos entrar nos castelos...
– Daremos um jeito, na hora – disse Seth – Não se preocupe. Agora, onde estão as meninas?
– Eu vim aqui justamente lhe chamar para a gente ir tomar café. Elas estão nos esperando lá fora.
– Lá fora? Eles não servem aqui?
– Não, hoje é a última segunda-feira do mês. Nós escolhemos o café da manhã lá no galpão.
– Bem melhor!
Seth e Alex rumaram juntos ao galpão, aonde centenas de pessoas iam aparecendo de vários corredores e iam juntas a uma espécie de balcão onde vários tipos de comida eram servidos.
– Vamos logo senão vão acabar a comida e os lugares – disse Alex quando começou a correr na direção do balcão. Seth o acompanhou.
Não era uma das melhores comidas, mas era o suficiente para matar a fome de Seth. Após de encher uma bandeja inteira (o que o acompanhou com os olhos arregalados de algumas pessoas), os dois se dirigiram a uma mesinha em que uma garota acenava.
– Bom dia, Seth – saudou Kyra – Pelos Deuses, você vai comer tudo isso?
– Seth é um amante da gastronomia, por qualquer que seja – falou Alex e as duas garotas riram, o que deixou o garoto um pouco constrangido – Ah, obrigado por ter guardado esse lugar para a gente, Lila, o galpão está começando a encher.
– De nada, Alex.
Após começarem a comer, Lila puxou conversa:
– A propósito, Seth, você disse ontem que tinha um plano para sair daqui... Você já pensou nele direito?
– Claro, bem lembrado – disse o garoto, com a boca cheia. Engoliu e continuou – É o seguinte: nós precisamos achar primeiro o descendente de Lycanearth. Não podemos sair deste local sem ele.
– Exatamente.
– Vocês já têm idéia de quem seja?
Kyra e Lila se entreolharam.
– Bom, nós demos uma olhada hoje, mas ninguém confere com as características do descendente.
– Tudo bem, Kyra. Podemos aproveitar esse momento para procurar, não?
– Tem muita gente aqui, Seth – respondeu Lila – Além de ser inútil, seria suspeito. E nós não queremos parecer suspeitos.
– De jeito nenhum – confirmou Alex.
De repente, Seth levantou os olhos e eles se cruzaram com os olhos de outro garoto há cinco mesas de distância. Mesmo ignorando a primeira vez, Seth percebeu o garoto olhando para a mesa deles várias vezes depois.
– Quem é aquele garoto que fica o tempo todo olhando para cá? – perguntou ele.
Alex e se curvou um pouco para observar.
– Ah, é o Sayver – disse com desprezo – Antonio Sayver.
– Quem é Sayver?
– Um garoto que veio do Distrito da Terra, dois meses atrás – explicou Lila – E já chegou fazendo confusão. Não sei se você sabe, mas os terranos são meio convencidos. O Antonio se acha melhor que todo mundo daqui.
– Ele e o Alex brigaram feio na primeira semana – lembrou Kyra – Detenção pros dois. Isso só aumentou a desavença com eles.
Seth, que estava pensativo, perguntou:
– Ele é do Distrito da Terra?
– Sim, ele dorme com um grupo que veio de lá. Parece que os pais dele vieram também.
– No que é que você está pensando, Seth? – perguntou Lila.
O garoto estava olhando fixamente para Antonio. Respondeu sem mover os olhos:
– Lila, presta atenção nele. Muita atenção.
A garota virou-se para olhar.
– O que você quer que eu veja...? Ai, meus Deuses!
Antonio olhara novamente e, ao ver que agora haviam duas pessoas olhando para ele, desviou o olhar.
– Seth, você não acha que é...
O garoto confirmou com a cabeça.
– Mas o que está acontecendo? – perguntou Alex.
– Que cor você acha que é? – continuou Lila, interrompendo Alex.
– Citrino, eu acho.
– Mas citrino não é meio verde?
– Não sei, o dele é um castanho esverdeado.
– Alguém quer me fazer o favor de contar o que está acontecendo?
– É simples, Alex – respondeu Seth – Antonio é o herdeiro de Lycanearth.
– Não, não. Sem chance. Não pode ser.
– E por que não? – perguntou Lila.
– Porque... Porque não pode, só isso.
Seth suspirou.
– Não pode porque você não quer. Mas não podemos ignorar os fatos, ele tem todas as características do descente de Lycanearth.
– Ele tem razão – disse Lila. – Olhe os olhos e os cabelos dele. A cor do elemento da Terra é marrom ou castanho. Veja você mesmo.
Alex esticou o pescoço para o lado e voltou, apreensivo.
– Tá legal, o cabelo pode ser castanho, mas os olhos dele são esverdeados. Um castanho esverdeado.
– O verde, nesse caso, simboliza a vegetação terrestre – explicou Seth.
O ruivo então abaixou a cabeça, derrotado, e continuou a comer.
– Ah, vamos lá, Alex, não vai ser tão ruim assim... – disse Kyra.
– Se você diz assim...
– Então está certo – continuou Seth – Assim que convencermos o Antonio, tentaremos recuperar o meu Talismã. Esse é o único jeito de sairmos dessa “prisão”.
– Ah, então quer dizer que você já está com um dos Talismãs aí com você? – perguntou Lila.
– Sim, o Talismã do Raio. Só que, quando eu cheguei, devem ter levado o Talismã e as espadas de Lycanthunder. E alguma coisa me diz que eles ainda estão aqui.
– E onde eles estão agora?
– Não sei, Alex. Mas o importante é conquistar a confiança do Antonio primeiro. Depois a gente procura o Talismã.
– Não sei o que vai ser mais difícil – murmurou Alex.
Passado algum tempo, as pessoas começaram a se dispersar. Os terranos que estavam na mesa com Antonio se levantaram e deixaram o garoto sozinho, beliscando o que sobrou do café da manhã. Depois de um rápido sorteio com palitinhos, Kyra se levantou e se dirigiu à mesa do descendente de Lycanearth.
– Ah, oi Antonio – disse ela.
O garoto, da mesma idade dos outros, respondeu:
– Me chame de Tony, meu bem.
Kyra suspirou profundamente.
– Certo, Tony. Vim aqui porque meus amigos querem dar uma palavrinha com você.
– O Alexander quer falar comigo? – perguntou ele, surpreso.
– Quer sim. Eu, a Lila e o Seth também.
Antonio pensou um pouco.
– Tudo bem então, querida. Vá na frente enquanto eu deixo essa bandeja no lixo.
Ele se levantou e Kyra voltou à mesa.
– Consegui, gente. Só tem um porém: ele prefere ser chamado de Tony.
– Tony?! Era só o que faltava!
– Tudo bem, Alex. Se ele prefere assim, vamos deixar assim. Se lembrem que nós precisamos convencê-lo, então sejam gentis. Tony, pra mim, está tudo bem.
– Atenção, ele está vindo – alertou Lila.
Tony veio lentamente e se sentou em uma cadeira livre.
– Certo, o que vocês querem? Vamos logo que eu não tenho o dia todo.
Alex estalou os dedos embaixo da mesa.
– Tony, você quer sair dessa prisão? – perguntou Seth.
O garoto se aprumou na cadeira.
– O que você disse?
– Perguntei se você quer fugir daqui. Se libertar.
– É claro que eu quero – disse Tony, franzindo a testa. – Por que, você vai fugir?
– Nós todos vamos fugir – respondeu Lila. – Nós quatro. Mas precisamos de você, Tony.
– Motivos que não podemos explicar agora – continuou Seth – Mas, de um jeito ou de outro, só podemos fugir se você for junto.
Tony sorriu, interessado.
– E como você pensa em fugir, mestiço?
Alex se levantou bruscamente.
– Nunca mais o chame de...
– Tudo bem, Alex. Pode se sentar – disse Seth enquanto Tony ria por ter enraivecido Alex. – Existe um objeto especial que eu tenho que me dá poderes muito especiais. São esses poderes que vão nos tirar daqui.
– Está falando do Talismã do Raio, Seth?
Os quatro ficaram mudos de uma vez, ao passo que Tony se divertia mais e mais.
– É, eu não estou tão desatualizado assim. Meu quarto fica próximo da cabine de controle. Eu ouvi de madrugada que um certo policial chamado Gary havia recolhido um adolescente mestiço no centro de Thunder City e, com ele, estavam o Talismã do Raio e as espadas de Derek Lycanthunder.
“O tal Gary entregou os objetos para o organizador da prisão móvel do Distrito do Raio, o Sr. Berkelian. E o Sr. Berkelian os guardou num cofre na sala dele e vai devolver ao castelo do Distrito do Raio amanhã de manhã.”
Então Tony prosseguiu ao perceber que os outros quatro continuavam abismados.
– E, pelo o que eu entendi, vocês querem pegar o Talismã para vencer a barreira dos Fiscais e fugir. Só não sei onde eu entro nessa história toda.
– Lhe contaremos quando sairmos daqui – disse Seth. – Eu prometo.
– Mas, se vocês pretendem pegar o Talismã e fugir, precisam fazer isso hoje – continuou Tony – Senão amanhã ele já estará nas mãos sebosas de Sir Goterman de Ferris, o rei do Distrito do Raio.
– Ele tem razão – confirmou Lila – E precisa ser feito hoje à noite. Mas você vai nos ajudar a pegar o Talismã, Tony?
– É claro que não – respondeu ele. – Vou fugir com vocês, mas não vou participar desse furto. A propósito, eu somente vou fugir com vocês se todos os terranos forem juntos.
– Mas que safado esse... – disse Alex se levantando novamente.
– Eles estarão libertos – interrompeu Kyra – Todos eles.
– Tudo bem, então – disse Tony, se levantando – Me avisem quando for a hora de fugir. Meu quarto fica no último corredor ali, à esquerda. Boa sorte para vocês.
Depois que o garoto se misturou na multidão que saía, Alex explodiu:
– E ainda faz exigências, o desgraçado...
– Ele sabe que é importante para nós. Por isso ele fez essa proposta. Mas Kyra, como vamos libertar os outros terranos? – perguntou Seth.
– Não se preocupem. Eu dou um jeito.
– Muito bem então – disse Lia se levantando, o que foi repetido pelos outros – Se preparem. É hoje à noite.
Se dividiram e rumaram para os respectivos quartos. Um frio na barriga incomodava Seth, mas ele sabia que aquilo precisava ser feito.


Fazia uma noite fria. Um Fiscal passou no corredor e olhou para dentro de um dos quartos, onde dois garotos dormiam. Ou fingiam dormir.
– Tudo bem, ele já foi – sussurrou Alex embaixo do cobertor. – Já são que horas, Seth?
– Meia-noite. Em ponto – respondeu o outro.
Alex se levantou lentamente e colocou meio olho para fora do quarto.
– Não tem ninguém. Seth, é agora.
Seth se levantou também e ficou atrás de Alex. Após mais uma constatada, os dois saíram pelo corredor às escuras, fracamente iluminado por archotes. À medida que iam andando, viam outros detentos dormindo profundamente.
Ao chegarem ao galpão, foram andando praticamente colados na parede, aproveitando a sombra que os archotes faziam. Caminharam dez minutos, passando por mais cinco corredores e entraram no sexto.
Como o Fiscal estava conferindo o último quarto, os dois entraram de uma vez no primeiro quarto do corredor e se instalaram nas sombras. Depois que o Fiscal conferiu novamente o quarto, os dois cobertores se levantaram e Lila perguntou:
– E aí, vamos?
Os quatro constataram o Fiscal novamente no último quarto e saíram com um tranco. Já no galpão, rumaram para a Cabine de Controle dos Detentos, no final do galpão.
– E o desgraçado está dormindo tranquilamente aí, enquanto podia estar ajudando a gente – sussurrou Alex ao passar pelo último corredor.
A Cabine, que era como um grande escritório, estava toda iluminada, mas não havia ninguém na recepção. O grupo, agachado, se esgueirou para dentro da recepção e por um corredor também vazio. Levaram um susto com uma voz alta atrás deles, mas eram de um grupo de Fiscais que jogavam cartas e fumavam charutos.
A sala do Sr. Berkelian ficava no final do corredor. Seth pôs o ouvido na porta e, como não escutou nenhum ruído, abriu-a lentamente. Com um sinal de “barra limpa”, os quatro entraram na sala.
O escritório de Adam Berkelian era extenso. Consistia de uma mesa de mármore lotada de papéis com uma cadeira por trás, um grande armário de madeira e, no fundo, um grande cofre verde. Alex tomou a frente e, ao examinar o cofre, disse:
– Esse é um cofre comum de combinação. Dêem-me um minuto que eu consigo abri-lo.
O garoto se abaixou e começou a girar uma pequena manivela enquanto testava várias combinações ao mesmo tempo. Lila se agachou ao lado dele e sugeriu outros números a Alex.
Kyra então se aproximou de um aquário que havia numa estante próxima ao armário. Seth se aproximou dela e a observou hipnotizada a água se mexer com o movimento dos peixes.
– Como é a sensação de usar um Talismã, Seth?
– É uma coisa maravilhosa. Indescritível. Uma sensação de liberdade total. De controle.
A luz que emanava do aquário preenchia o rosto dela, que a deixava cada vez mais bonita.
– Será que vamos demorar muito a achar o Talismã da Água?
– Não sei, só o tempo vai dizer isso. Mas não pretendo demorar muito tempo nisso. Quero voltar para casa e reencontrar meu avô. Já sinto saudades dele.
– Você mora com seu avô?
– Moro sim, mas essa é uma longa história...
– Seth, você sabia que, se usarmos a lógica, descobriríamos que a água combina com o raio?
– É? Você acha isso?
– Não é que eu ache. Mas se você perceber, o raio acontece por causa da chuva. E a água conduz eletricidade.
– Eu não tinha olhado por esse ponto...
De repente, um ruído os sobressaltou. Duas vozes vinham conversando pelo corredor, e elas aumentavam conforme as duas pessoas se aproximavam da sala.
– Rápido, para dentro do armário! – sussurrou Seth.
Lila correu e abriu a porta.
– Vamos, tem espaço aqui para nós quatro!
Kyra entrou primeiro, seguida de Seth. Lila entrou logo depois e, quando Alex se aproximou, sombras apareceram por debaixo da porta. O garoto recuou.
– Alex, o que você está...
Alex se escondeu embaixo da mesa e Seth fechou a porta do armário.
– Mas e o Alex? – perguntou Lila.
– Ele consegue se virar. Façam silêncio!
Mas a porta não abriu. As duas pessoas, quem quer que fossem, conversavam do lado de fora da sala. Seth abriu um pouco a porta para poder escutar e viu que Alex continuava a tentar abrir o cofre.
– Eu já lhe disse, mandarei amanhã ao sir Goterman de Ferris os objetos, não se preocupe. – disse uma voz masculina, adulta e cansada.
– Eu insisto, Adam. Deixe-me levar agora, por favor.
Seth estremeceu ao ouvir aquela voz. Era do policial Gary, que o interceptara em Thunder City.
– O que você quer tanto com o Talismã, Gary? – perguntou o Sr. Berkelian.
– Recuperar meu emprego. Estou sendo ameaçado de perdê-lo pelo que aconteceu em Thunder City com aquele mestiço nojento. Eu sei que devia ter prendido o garoto em vez de tentar matá-lo. Mas me irritei com aquele maldito comparsa dele.
– Ouvi falar disso. O tal de Wallace Baxter, você quer dizer.
– Exatamente. Ele foi ferido gravemente durante a perseguição, mas assim que se recuperar vai ser levado para o Distrito da Terra, fazer trabalhos forçados.
Seth sorriu ao descobrir que Wallace não havia morrido por sua causa.
– Só não sei como o Talismã foi parar com o garoto.
– Ele foi roubado, não foi? – perguntou o Sr. Berkelian.
– Sim, Adam. Há catorze anos. Eu me lembro que deu uma baita confusão por aqui. Tanto é que eu fui promovido pelos esforços tentando recuperar os objetos perdidos.
– Mas por que tanta confusão? Quero dizer, qual a real importância disso?
– Foi só porque constatou que a lenda dos Talismãs era verdadeira. Os reis começaram a fazer buscas por todos os castelos, mas como nenhum achou nada que fosse parecido com os Talismãs, a história foi desacreditada e o pobre sir Goterman foi considerado insano. Ele já sabe que nós achamos o objeto?
– Não, mas vai saber amanhã...
Então Seth percebeu que Alex conseguira abrir o cofre e já estava tirando de lá o Talismã e as espadas.
– Toma, Seth. Guarda aí – sussurrou ele.
Mas ele mal havia entregado quando ouviu:
– Mas então, meu caro, vamos entrar e discutir esse assunto...
Só houve tempo de Alex fechar a porta de uma vez, trancá-la por fora e jogar a chave para dentro por meio de um buraco.
– Não, Alex, o que você está fazendo, entra aqui! – disse Seth, em vão.
A porta abriu-se de uma vez e Alex foi surpreendido por Gary e o Sr. Berkelian. O organizador levou um susto e, com a voz assombrada, perguntou:
– Mas o que você está fazendo aqui?!
Antes que o garoto respondesse, Gary pulou por cima da mesa e caiu sobre Alex, imobilizando-o.
– Pelos Deuses, Adam, ele estava mexendo no cofre!
– Não, droga! – disse o Sr. Berkelian, passando por eles e examinando o cofre – Esse garoto pegou o Talismã e as espadas, Gary!
– É claro que não, seu idiota – disse Alex – Está vendo alguma coisa aqui comigo?
– Ele tem razão, Adam. Ele tá limpo.
– Então... onde está o Talismã? – perguntou o outro, desesperado.
– Quando eu cheguei aqui já estava vazio – respondeu o garoto.
– Adam, tenho uma idéia – disse Gary – Vamos levar esse garotinho esperneador para um interrogatório. Precisamos saber tudo o que ele sabe.
– Eu não vou dizer nada! – gritou Alex, mas levou um soco do policial.
– Boa idéia, Gary. Vamos lá, garoto!
Alex então foi removido da sala com força pelos dois homens. Depois de alguns minutos, Seth tirou a mão de Lila da boca e abriu o armário por dentro.
– Meus Deuses, coitado do Alex – comentou Lila.
– O que é que a gente faz, agora? – perguntou Kyra.
– Pensar em um novo plano. Mas vamos sair daqui primeiro. Vou esconder isso no meu quarto para ninguém achar.
– Mas e o Alex, Seth? – perguntou Lila, desesperada.
– Ele é forte. Não vai dizer nada. Até porque se tentarmos libertá-lo seremos pegos também e lá se vai a nossa fuga.
– Ele tem razão, Lila – disse Kyra – Esperaremos a barra ficar limpa e sair daqui...
– Exato – disse Seth, com o ouvido na porta.
– Pobre do Alex...
Depois de meia hora, os gritos de Alex se uniram com o ruído surdo de chicotadas. Com Lila à beira de um infarto, conseguiram sair sem ser vistos.
De volta ao quarto, Seth escondeu o Talismã e as espadas atrás de um pilar e se deitou a tempo do Fiscal olhar para dentro do quarto e constatar que havia apenas um detento, e não dois.
– Tomara que você seja forte, Alex. Eu acredito em você – desejou Seth, baixinho, enquanto uma sirene soava ao longe.